Um conselheiro sênior do presidente eleito Donald Trump gerou controvérsia ao sugerir que a Ucrânia deve reconsiderar seus objetivos no conflito em andamento com a Rússia, afirmando que a Crimeia, que a Rússia anexou em 2014, está “fora de questão.” Bryan Lanza, um proeminente estrategista republicano, fez essas declarações durante uma entrevista à BBC em 9 de novembro, levantando questões sobre a posição da administração Trump em relação às ambições territoriais da Ucrânia.
Mensagem de Lanza à Ucrânia: Uma ‘Visão Realista para a Paz’
Lanza indicou que a administração Trump planeja encorajar o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky a adotar uma “visão realista para a paz,” implicando que recuperar a Crimeia pode ser um objetivo impraticável. “Quando Zelensky diz que só pararemos essa luta, haverá paz apenas quando a Crimeia for devolvida, temos uma notícia para o presidente Zelensky: a Crimeia está fora de questão,” afirmou Lanza. Seus comentários refletem uma mudança em relação à política anterior dos EUA, que tem apoiado em grande parte a soberania da Ucrânia, incluindo sua reivindicação sobre a Crimeia.
Essas declarações ocorrem enquanto a Ucrânia reitera sua intenção de restaurar suas fronteiras de 1991, que incluem não apenas a Crimeia, mas também a região oriental de Donbas, ocupada pela Rússia desde 2014. Embora Lanza não tenha mencionado o Donbas, seus comentários sinalizam uma potencial mudança no apoio dos EUA aos objetivos territoriais da Ucrânia.
‘Sozinho’ Sem Intervenção Militar dos EUA
Apesar de os Estados Unidos nunca terem enviado tropas à Ucrânia, Lanza enfatizou que, se o objetivo da Ucrânia é recuperar a Crimeia, ela terá que perseguir esse objetivo de forma independente. Ele observou que soldados americanos não estariam lutando para recuperar a Crimeia para a Ucrânia, sublinhando uma possível mudança em direção à limitação do envolvimento americano na região.
Essas observações seguem a vitória de Trump sobre Kamala Harris nas recentes eleições presidenciais dos EUA, sinalizando possíveis mudanças na abordagem da política externa americana em relação ao conflito na Ucrânia. Trump tem consistentemente expressado ceticismo sobre o envolvimento extenso dos EUA no exterior e já sugeriu anteriormente que uma abordagem mais pragmática poderia ser a chave para uma resolução.
A Perspectiva de Trump sobre as Negociações de Paz
Em setembro, Trump insinuou seus planos para um marco de paz, afirmando que pretendia intermediar um acordo entre a Ucrânia e a Rússia muito antes de sua inauguração oficial em 20 de janeiro. Ao lado de Zelensky em Nova York, Trump enfatizou sua crença em encontrar uma solução que beneficiasse ambas as nações, embora os detalhes dessa visão permaneçam obscuros.
Enquanto isso, o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, indicou a disposição da Rússia em “ouvir” as propostas de Trump. No entanto, Ryabkov enfatizou que não existem soluções fáceis, especialmente à medida que as forças russas continuam sua campanha militar e mantêm recursos significativos.
O Futuro da Política dos EUA em Relação à Ucrânia
As declarações de Lanza sugerem uma possível mudança na política externa dos EUA que poderia incentivar a Ucrânia a fazer concessões em suas metas territoriais, especificamente em relação à Crimeia. Para a Ucrânia, que vê a recuperação de seus territórios ocupados como essencial para a paz, essa nova postura pode introduzir complexidades em suas relações internacionais. À medida que o conflito se intensifica e a administração Trump se prepara para assumir o cargo, a Ucrânia enfrenta uma crescente incerteza sobre a extensão do apoio dos EUA em sua luta contínua contra a agressão russa.